Me lembro da época que tinha os apagões a noite, e isso era com bastante frequência com noite sem lua ainda, e a única coisa que iluminava era os vários vagalumes que se aproveitavam da escuridão do lugar para simplesmente brilhar, e dar um ar de mágico aquele momento. A gente se reunia na frente de casa e começava a contar histórias de Terror,bem assustadoras e tinha outras que não eram, e sim que fazia parte do povo, e uma especialmente se chamava Boúna.
Uma das Lendas que todo o Povo do Pará conhece e principalmente de Belém se chama Boiúna que é uma Cobra grande, o seu nome tem significado de: Boi (Cobra) e una (Negra) então é uma grande Cobra Negra e tem olhos que "Iluminam" feitos tochas. Uma cobra com tamanho imensurável e ao passar pelos rios , Igarapés derruba embarcações, e elas são tão grandes que o povo acredita que as ilhas, que são componentes muito importante da paisagem e do imaginário Amazônicos, são moradas ou refúgios preferidos das Boiúnas. Ao rastejar, a Boúna vai deixando sulcos onde se formam os Igarapés.
A lenda diz que uma dessas Boiúnas vivi adormecida na cidade de Belém, entre a cidade velha e o bairro de Nazaré, já que o povo acredita que Belém pode ter sido fundada sobre uma cobra. E, quando ela acordar, irá afundar toda a cidade com seu movimento.
Em uma madrugada de 12 de Janeiro de 1970, Belém foi abalada por um tremor de terra, e o tremor foi sentido até nas cidades em volta principalmente a minha também, as pessoas entraram em Pânico já que pensaram que a Boiúna tinha despertado, mas depois que o tremor passou afirmaram que ela apenas se mexeu, caso se tivesse saído de onde ela habita, a cidade e seus habitantes iram ser tragados pelas águas da Baía do Guajará.
“A Boiúna é um exemplo do caráter estético da teogonia amazônica, da convivência natural com o sobrenatural, do irracionalismo dentro do racional, da sensibilidade como forma de vivência e compreensão da vida”.(João de Jesus Paes Loureiro)